quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sarney, Alfonsín, Mercosul e Ano Novo! rs


After some time of absence, here I am! C'est le dernier jour de l'anée... Thank God!
Amanhã começa mais um ano, 2010... O ano em que me formo, começo curso pro Rio Branco... Vai ser um ano maravilhoso! Se Deus quiser =)

Estou na praia, em Arraial do Cabo, mas isso não impediu que eu continuasse com minhas leituras. Tudo bem que menos assíduas do que devia, afinal eu também preciso de algum descanso! Esse ano não foi nada fácil.. Mas eu já estou quase terminando o Br, Ar, EUA.

Já estou na parte da institucionalização da integração sulamericana... Achei bem interessante enxergar como que foi uma sucessão de fatores que tornaram essa ideia de integração interessante ao BR e Ar... O Brasil precisando escoar sua produção de manufaturados e a Argentina como grande compradora dos nossos produtos, além de necessitada de mercados para seus produtos agropecuários.
A Argentina, coitada, com a ditadura, acabou abrindo mão do processo de industrialização, totalmente na contra-mão do mundo, pois os militares de lá achavam que assim acabariam com as classes operárias e trabalhadoras que poderiam dar origem aos levantes comunistas... Bom, além disso, em função da Guerra das Malvinas/Falkland contra a Inglaterra, a Argentina perdeu mercados. Os EUA, que tinham interesse na região também para montar base militar junto à Patagônia e estreito de magalhães a fim de defender o segurança continental contra a URSS, haviam se prestado a auxiliar a Argentina. O problema foi que, devido à pressões da opinião publica do Congresso e dos compromissos com a OTAN, os EUA, que haviam prometido apoio militar à junta militar da Argentina, deram pra trás, entrando com apoio à GB. Ao ver isso muitos ficaram do lado da AR, mas só o BR, Peru e Venezuela lhe deram apoio efetivo.
Bom, no final das contas a Argentina acabou perdendo e teve que retirar seus homens da região, e além disso ficou em maus lençóis tanto com EUA quanto com a Comunidade Européia, de quem a GB fazia parte. E por não possuir produtos de grande valor agregado, e apenas ser especializada em agropecuários, seus produtos não possuiam mais grandes mercados, somando-se ao fato de que havia já uma série de medidas protecionistas em tais países, fazendo com que a Argentina se visse em delicada situação.
Os EUA começaram a notar que as ditaduras não mais se adequavam aos interesses da América Democrática, uma vez que a Argentina ainda militar começou a simpatizar em alguma medida com a URSS e Cuba castrista, que lhe prestaram algum apoio e poderiam escoar seus produtos. Sendo assim, apesar de resgatar os princípios da Guerra Fria, a administração de Reagan não impediu que houvesse a redemocratização na América Latina, já que uma coisa não mais impedia a outra.
Nesse interim, é eleito na Argentina o presidente Raúl Alfonsin, e ao mesmo tempo no Brasil, é indicado pela junta militar o primeiro civil para presidente, Tancredo Neves, que faleceu logo em seguida, levando à presidência seu vice, José Sarney.
Nesse cenário de civis novamente no poder e de certa fraqueza estrutural de ambos os países, devido às dívidas que os países possuiam da época militar e à inflação que já assutava, os líderes observaram que a união seria fator importante para ambos e uma moeda de barganha internacional muito mais valiosa que apenas o isolamento.
O Brasil havia se tornado um país altamente industrializado e em pleno desenvolvimento, convertendo-se na oitava massa economica do sistema capitalista, enquanto a Argentina via o pleno declínio de sua economia, além de possuir atritos com os EUA e a CEE. Voltou-se então para o Brasil.
Sem mais condições de competir com o Brasil por qualquer tipo de supremacia, a Argentina estreitou seus laços com o Brasil, o que levou ao presidente Sarney a firmar acordos de importação de trigo e petróleo daquele país visando ajudar-lhe financeiramente com sua crise e déficit.
Surgiu então uma iniciativa mútua de equilibrio no intercâmbio dos produtos. Como a Argentina importava grande quantidade de manufaturados brasileiros e o Brasil lhe importava os produtos básicos, ambos os países resolveram firmar acordos de equilibrio mutuo na corrente de comécio quando o déficit de um para com o outro chegasse ao valor de US$ 50mi.
E foi assim que começou o processo de integração de ambos os países. Após isso, em 1985, os dois presidentes se reuniram várias vezes a fim de formular propostas para uma maior integração e amizade entre os vizinhos e antigos rivais. Encontraram-se em Nova Iguaçu, Buenos Aires, e firmaram séries de acordos que passavam por aumento no comércio, tratamento privilegiado a alguns bens de capital, e complementariedade no abastecimento alimentar. Apenas a questão de defesa não foi abordada.
Ambos os líderes enxergavam um no outro a possibilidade de adquirir autonomia e independência frente aos mercados mundiais. O Brasil importava muito mais da América do Sul do que de outras regiões do mundo, enquanto a Argentina vendia insumos e bens de capital necessários à indústria brasileira. Juntou a fome e a vontade de comer. Mas além disso, a Argentina via no Brasil possibilidade para desenvolver sua indústria, podendo comprar maquinários e firmar acordos de cooperação que lhe ajudassem a recuperar o tempo perdido.
Ok, sem mais blablablás, em 1988 os dois presidentes firmaram o Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, que comprometia ambos os países a construir um espaço economico comum mediante a remoção gradual, em 10 anos, dos obstáculos tarifários e não-tarifários à circulação de bens e serviços, alem da harmonização de suas politicas aduaneiras, fiscais, monetárias, cambiais, agrícolas industriais etc... Esse acordo deu origem a uma dimensão cooperativa sem precedentes na história dos dois países.
É inegável observar que houve uma mudança radical no eixo sulamericano, uma vez que os eixos tradicionais Brasil-Chile, Argentina-Peru se desfizeram. O Chile acabou ficando de fora do Tratado, e isolou-se, uma vez que ainda estava sob a liderança de Pinochet e a cláusula democrática era sine qua non para a adesão.
Os demais países perderam as vantagens que em geral adquiriam da posição pendular entre BR-AR, sempre com rivalidades. Foi uma grande mudança, que entre outros fatores, levou à redemocratização daqueles países que ainda não tinham retomado a democracia além de formular um novo poder na América do Sul que não mais dependia da América do Norte para sobreviver.
(Ah vai gente, o Sarney foi esperto!!! Ele pode até por o namorado da filha pra trabalhar, mas fez um bom trabalho com esse lance da integração!!!)
Com o fim do Comunismo em 1989 e o Washington Consensus como forma de aliviar as depressões nos países latino-americanos, lideranças nacionalistas com caráter liberal começaram a surgir nos países. No Brasil, Collor assumiu, e na Argentina, Meném, que se dizia peronista e ao assumir se mostrou diferente.
Meném tinha uma postura altamente alinhada no que se referia aos EUA. Ele criou uma linha de atuação na política externa a qual chamava de Realismo Periférico, afirmando que, por ter consciência de sua posição desprivilegiada, a Argentina deveria alinhar sua política externa com a dos EUA, além de se manter longe de confrontos com os EUA, a fim de conseguir benefícios. Era abrir mão de sua política externa. No entanto, apesar de exergar nos EUA uma salvação, Menem sabia que a integração com o Brasil era essencial naquele momento e não poderia ser deixada.
A "relação carnal" à qual Menem perseguia com os EUA, não foi proveitosa à Argentina. Os EUA não necessitavam de nada que a Argentina pudesse oferecer, além de não ser vista por eles como digna de título de potência sulamericana, que agora repousava sobre o Brasil. Era apenas uma ilusão argentina de retomar relações especiais aos moldes daquelas que possuíra no passado com a GB.
Collor, apesar de liberal não tomara posições de alinhamento automático com os EUA, o que só ocorreu durante o governo Castello Branco. Collor adotou uma política externa de continuidade de Sarney, apenas adotando medidas liberalizantes dos mercados e de privatizações que haviam sido estipuladas pelo Consenso de Washington como forma de garantir apoio dos fundos internacionais. O Brasil permaneceu com sua autonomia da política externa, mantendo boas relações com os EUA.
Apesar de distintas posturas na política externa, o processo integracional de ambos os países prosseguiu forte. E em 1991 os líderes se reuniram a fim de adiantar para 1994, e não mais para 1999, o prazo para remoção das barreiras tarifárias entre eles. E assim, ao abandonarem o conceito de integração gradual, flexível e equilibrada, acelerou-se o processo de liberalização comercial entre os dois países com uma reforma aduaneira.
Assim sendo, em 1991, em Assunção, foi criado o Mercado Comum do Sul, mediante a adesão do Paraguai e do Uruguai ao acordo originalmente firmado entre Brasil e Argentina para a automática eliminação de restrições comerciais entre os membros até 1994.
Bom, depois disso Collor foi deposto mediante um Impeachment; os EUA firmaram com México e Canadá uma Área de Livre Comércio, o Nafta, que muito seduziu os países sulamericanos; surgiu a proposta da ALCA, que foi uma espécie de projeto Nafta para as américas, a fim de manter a supremacia americana na região, uma vez que com o Mercosul e uma intenção de ALCSA esses países ganhavam grande relevância e autonomia no sistema; FHC se torna presidente no BR; Menem cria o plano da Convertibilidade, que deu paridade de 1:1 entre dólar e peso, levando o país a uma imensa crise; e em 1994 foi firmado o Tratado de Ouro Preto, que deu ao Mercosul caráter jurídico internacional, possibilitando ter suas normas internas próprias, bem como ter uma estrutura institucional intergovernamental com diversos órgãos - porém sem que na prática todas as questões fossem resolvidas de fato de maneira intergovernamental, em função das discrepâncias entre as condições dos seus membros.

Bom, acho que é isso... Só uma breve historinha do nosso querido MERCOSUL para fechar o ano e dar aquele gás para 2010! Afinal, minha mono deve ser sobre isso mesmo ;)

Um feliz Ano Novo a todos!!!! Que Deus abençoe muito a todos e que o ano que vem seja repleto de paz, bênçãos, prosperidade e ESTUDOS! kkkk

Beijos,

LDA

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sleepless


Buenas Noches...

São 2h da manhã e o sono está longe de mim... Talvez porque eu tenha tomado café agora pouco, enquanto me forçava a ler mais um capítulo do livro...
Hoje o dia foi ótimo - não estudei quase nada! rsrs... Estou de férias, vai... Também mereço algum descanso.

Só para não dizer que o dia foi improdutivo, lí sobre o Gegê e o Perón e todos os rolos que envolveram os dois entre 1940 e 1954... Mas, como eu não estou a fim de escrever e provavelmente ninguém está a fim de ler - até porque, todos têm que ler sobre isso! - eu nem vou entrar nesse mérito hoje...

O Natal tá chegando, o fim de ano também, e em geral é nessa época do ano em que nós paramos para pensar e recapitular. Alguns fazem isso o ano todo, alguns deixam isso pro final. De qualquer forma, o importante é agradecer por tudo aquilo que foi vivido, e pelo que não foi também, de modo a perceber que tudo está seguindo seu rumo, seu fluxo, na perfeita harmonia das coisas...
Todos temos nossas dúvidas, nossos medos e incertezas, mas não podemos nos deixar abalar por eles. Devemos sempre acreditar em nosso potencial, e acreditar que seja lá o que for que deva acontecer, vai dar certo e vai ser o melhor...

Um dia lí em um livro uma frase que me fez pensar muito. Ela dizia:  "Só existe esse exato momento, nada mais. Por isso dê graças, esse momento é tudo que você tem."
E é verdade. De nada adianta passar a vida traçando metas e planos e se esquecer do presente, do agora, que é tudo que nós temos...
Isso serve àqueles que, como eu, estão nessa caminhada para a diplomacia. É preciso sim muita dedicação, mas um dia de cada vez, aproveitando o momento, e sabendo que isso é tudo que nós temos por agora. O que tiver que ser será, e a vida vai se encarregar disso. Não adianta se desesperar...

Bom, o sono finalmente bateu à porta... Nada como filosofar um pouco pra ter sono. rsrs

Boa noite a todos - se é que tem alguém da minha mãe que me lê aqui!
Falando nisso, beijo pra ela! Obrigada pelo apoio de sempre e pelas melhores gargalhadas...

Beijos a todos,

LDA


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Guerra do Chaco e as influências petroleiras

Bom, hoje o dia foi bom... Apesar das compras de Natal - que me tiraram um pouco de casa, me impedindo de estudar muuuuito - eu consegui avançar bastante no nosso querido Muna (apelido carinhoso ao Moniz Bandeira).
Hoje vou comentar um pouco sobre a Guerra do Chaco, já que eu achei bem interessante tudo que esse conflito regional envolveu  e que, em geral, a gente quase não ouve falar por aí...
Bom a região do Chaco fica no Paraguai, e faz fronteira com a Bolívia, com o Brasil - perto de Corumbá -  e com a Argentina - perto das margens do Rio Paraguai. A Bolívia, com a Guerra do Pacífico (1879-83), perdera sua ligação ao Oceano Pacífico - Antofagasta, Cobija e Tocopilla - e ficou dependente de uma ligação ao Rio da Prata para escoar sua produção. Isso aconteceria com a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, uma das condicções do Tratado de Petrópolis, de 1903, mediante o qual o Acre foi concedido ao Brasil em troca de um territorio menor no Mato Grosso do Sul e de uma reparação financeira, além da construção da Mamoré. Com a não construção da Ferrovia, devido a complicações na obra e surtos de febre amarela e malária na Amazônia, a Bolívia permanecia isolada de ambos os oceanos, o Pacífico e o Atlântico.


A região do Chaco, não era importante ao Paraguai apenas pela área de criação de pecuária e de agricultura, mas, principalmente, pela grande influência Argentina na região. A Argentina dominava conomicamente a região do Chaco, onde possuia uma enorme empresa, a Casado & Camp,  dominando a região, mesmo não que de jure. Nesse sentido, a Argentina era forte aliada do Paraguai em qualquer disputa que pudesse ocorrer com a Bolívia em função daquela região, vista por esta como uma forma de escoamento da produção.
A Bolívia já havia contestado por muitas vezes a região do Chaco, principalmente após a Guerra da Tríplice Aliança, quando a Argentina também contestou a região, e por isso a questão foi resolvida por um arbitramento, que deixara o Paraguai a cargo de tais territórios.

A guerra do Chaco se consolidou, muitos anos depois, quando a grande produtora de petróleo norte-americana, Standard Oil, grande concorrente da anglo-holandesa Shell, começou a explorar petróleo na região. Além disso, começaram a surgir suspeitas sobre novas jazidas de petróleo na região do Chaco, o que elevou ainda mais os ânimos sobre a região. Muitos nao creem que as industrias Standard Oil e Royal Dutch-Shell possam ter influenciado diretamente no conflito, porém fica claro que o fator do petróleo foi altamente relevante para o ocorrido.
A Argentina, ao vetar a construção de oleodutos na margem direita do Rio Paraguai, devido à criação da YPF por seus governos nacionalistas,  nao deixou opção à Bolívia,  senão pegar em armas. A versão mais comum da Guerra é a de que a Standard e a Shell britânica armaram Bolívia e Paraguai, respectivamente, visando ganhar domínio sobre as mitificadas jazidas da região do Chaco, em função da necessidade de petróleo pela qual os EUA passavam à época; todavia, não se possui provas quanto a isso.
Após o fim das hostilidades, crenças de petróleo na região continuaram impedindo que se chegassem a acordos. A Argentina não possuía grandes interesses em que se chegasse a um acordo, porém, o Brasil, que receava uma ação mais forte do Paraguai sobre a Bolívia, como um possível desmembramento, interveio através da mediação do Presidente Getúlio Vargas.

Finalmente, após 2 anos de guerra concreta e mais de 40 de conflitos, em 1935 assinou-se na Conferência de Paz de Buenos Aires, o Tratado de Paz entre Paraguai e Bolívia. Após isso,  a paz não foi total, uma vez que o Paraguai permaneceu tentando obter regiões ricas em petróleo da Bolívia através da interpretação do tratado, fato que não foi possível graças à energica atuação brasileira que propôs a construção de uma ferrovia à Bolívia ligando Corumbá a St Cruz.
Finalmente, após trancos e barrancos, em 1938 assinou-se o Tratado de Paz, Amizade e Limites entre os beligerantes. Moniz Bandeira resslta o fato peculiar de que nenhum dos dois países envolvidos  conseguiu aquilo que queria com o conflito, permanecendo da mesma forma que antes. No entanto, Brasil e Argentina saíram vitoriosos, com tratados de vinculação ferroviária com a Bolívia, bem como de concessão de exploração de petróleo, que, como depois foi comprovado, nunca existiu em quantidades significativas para o comércio.

Bom, acho que é isso... Espero que tenha dado para entender algo da guerra do Chaco!!! É que são tantos e tantos detalhes, e tantos milhares de governos e presidentes e golpes que fica dificil falar tudo.... ;)
Vou nessa pois mais um capítulo me chama... Se eu aguentar! Tá me dando fome... Essa vida de estudar engorda viu! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Beijos e boa noite,

LDA

Ps. este artigo foi revisado em 09-01-11! Acho que está beeeem mais fácil de ser entedido agora... rsrs. Nada como o amadurecimento intelectual e gramatical... :) Beijocas

domingo, 20 de dezembro de 2009

Brasil, Argentina e as complicadas relações da AMSUL.

Bom, hoje começo de fato a escrever sobre o caminho que irei percorrer durante um ano até a prestação oficial do concurso para a admissão à Carreira Diplomática. No final do ano que vem me formo na faculdade e, seguindo meus sonhos, pretendo entrar direto na Diplomacia, por isso esse ano vai ser de muito estudo!!!! Além disso ainda tem que sair uma Monografia aí no meio... rs

Atualmente estou de férias na casa dos meus pais, em Petrópolis, onde comecei a estudar mais seriamente, sem aquele lance do "estou lendo aos poucos", afinal, isso não adianta nada! A gente sempre esquece tudo depois...
Me propus uma meta de ler ao menos 100 páginas por dia, independentemente do livro ou do tempo que levarei pra fazer isso. Achei uma boa meta, já que terei dois meses de férias e isso vai dar aproximadamente 6 mil páginas, o que é um número razoável... rsrsrs
Resolvi começar com História Geral. Eu sempre começava por História do Brasil, propriamente dita ou da PE, e tinha uma certa dificuldade, então resolvi começar dessa vez com História Geral - pelo manual do candidato mesmo - e está sendo muito útil! Ao mesmo tempo estou lendo o "Brasil, Argentina e Estados Unidos", do Moniz Bandeira, que é excelente.
O livro dá uma noção muito boa tanto de HPEB quanto de História Geral, uma vez que ele embasa e conecta bem os acontecimentos em escala global, mas direciona bastante pras relações latino-americanas. A obra possui uma vertente não muito objetiva, e fica claro no livro que o autor não é das pessoas mais favoráveis à influência americana (o prefácio do ex-SG Samuel Pinheiro então, é pouquíssimo objetivo). No entanto, o cara, que estudou 30 anos para publicar esse livro, fala como ninguém das relações entre o Brasil e a Argentina no contexto sul-americano.
Do que eu lí até agora, ressalto a imporância de se compreender o desfecho que a Guerra do Paraguai (ou da Triplice Aliança 1865-1870) trouxe para as relações entre os dois países, uma vez que a partir daí que a Argentina se consolidou como potência na região, sendo diretamente apoiada e influenciada pela GB, potência a quem ela passou a fornecer grandes quantidades de carne e produtos agrícolas, enquanto o Brasil saiu prejudicado por perder não apenas inumeros homens como por comprometer as finanças brasileiras, que iam tão bem anteriormente em função das exportações de café aos EUA.
A Argentina, em contrapartida, se tornou a principal potência da região, fornecendo suprimentos aos excéritos dos países aliados. Dessa maneira, a Argentina passou a se modernizar militarmente cada vez mais, uma vez que estava em condições econômicas melhores, passando a frente do Brasil, o que acabou por gerar certa rivalidade entre ambos, apesar de sua complementariedade econômica.
Um fato muito interessante que o autor ressalta é o de que a corrida armamentista continuava entre os dois países apesar de não haver iminente risco de guerra. Isso acontecia em grande medida por influência das indústrias de material bélico, sejam alemãs, francesas ou britânicas, que competiam por mercados na América Latina a fim de consolidar mercados. Os grandes atritos entre os dois países, ao longo do tempo, vieram em grande escala daí.
Além disso outro ator é muito importante na história dos dois países, que não os EUA: o Chile. O Chile que saiu fortalecido após a Guerra do Chaco contra o Peru e a Bolívia, se tornou também uma das grandes potências regionais, possuindo grande força militar e principalmente naval. Motivo este pelo qual a Argentina possuia grande receio de ficar comprimida entre as duas potências, adotando sempre políticas flexíveis com um quando as relações com o outro se deterioravam.
A Argentina no entanto, soube como aproveitar-se de sua posição patrocinando a revolução no paraguai de modo a tê-lo a sua volta, enquanto o Brasil nada fez e ainda saiu enfraquecido militarmente após a Revolta da Armada, em 1893.
Bom, após esse breve desenho do cenário durante os anos de 1865 a 1893 fica claro ver que já se configurava na região uma propensão às tensões entre ambos os países. Apesar de oscilarem em função dos governos, havia, na maio parte do tempo, uma desconfiança permanente entre ambas as nações, estimulada pelas grandes potências, e podemos observar que isso permanece até hoje.
A América Latina sempre se mostrou muito atraente às grandes potências. Em um primeiro momento por sua grande atratividade no que se referia às matérias primas e mercados consumidores, e, após os processos de independência, continuaram a ser vistas como zonas de influência de escomanento das produções daqueles países industrializados. Apesar de grande esforço norte-americano para estabelecer aqui sua hegemonia, podemos observar que até sua consolidação como potência após a Primeira Grande Guerra, os países europeus possuíam muito poder nas relações sulamericanas, seja por serem grandes patrocinadores de manobras efetuadas por esses países, como por serem ainda os grandes compradores de seus produtos agrícolas.
Acho que em alguma medida isso ainda permanece até hoje. É dificil se desvincular da influência das potências na América Latina, em maior parte, penso eu, por uma questão não só de hábito como de receio. Hábito que advém dos tempos onde só as potências  tinham condições de comprar nossas produções e mercados perdidos nesses países represetavam o fracasso. Receio de perder não só os mercados, mas também o apoio daqueles que foram e ainda creem ser as maiores economias e potências militares do mundo.
A meu ver, acho que a América do Sul precisa se libertar de tais paradigmas e se fortalecer unida, por mais difícil que isso seja e por mais complexo que pareça, principalmente quando se estuda a conturbada história de conflitos na região.
Bom, acho que me empolguei!!! Ainda tenho que continuar com as minhas leituras diárias pois já são 20h e hoje eu só lí umas 50 páginas... Still have a long way to go!
Foi um prazer compartilhar ideias com vocês! Espero que sirva de algo... E se não servir, pelo menos eu gostei de escrever!!! rsrsrs

Beijos e boa noite.

LDA

Primeiro post!

Primeiro post... Hoje, enquanto vejo o filme "Julie e Julia", durante uma pausa nas leituras, resolvi criar um blog para aliviar as tensões advindas da preparação para a prova do Rio Branco...
Sou estudante de RI e começo a me preparar para o concurso do Instituto Rio Branco de 2011, e apesar de tentar ser moderada, acho que acabo caindo em um certo radicalismo de vez em quando, o que espero que o blog possa vir a me ajuda
Sendo assim, resolvi que vou compartilhar com o mundo da internet um pouco dos meus sentimentos enquanto me preparo para adentrar no mundo diplomático, a fim de mostrar um outro lado, que não o do glamour e dos papos imensamente inteligentes, daqueles que ingressam ou tentam ingressar na diplomacia.
No momento estou lendo Moniz Bandeira, e amanhã devo comentar algo sobre o livro, afinal já são quase uma da manhã, e ver esse filme sobre Paris e comidas maravilhosas está me dando fome! rs
Beijos